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Mostrando postagens de abril, 2007

Sobre as sutilezas de um ser que dói

Parado num canto qualquer, seus pensamentos pedem o silêncio que se ouve apenas na solidão. Aliás, mesmo que só não esteja, sente gritante a linha dolorida que o divide do mundo, dos outro, do “não-eu”. Em outras palavras, acompanhado ou não, está sempre só. Muito aos poucos, num processo demasiado lento para ser compreensível, deu-se conta de si como ser absoluto, de dor inexplicável, de confusão permanente, de reflexos violentos para defender-se da possível violência e do inevitável desprezo alheio. Muito aos poucos percebeu que não havia ninguém ao seu lado, pois era intrinsecamente só. Percebeu que caminhar ao lado é só caminhar ao lado; que trocar palavras amistosas e gestos de carinho e confiança não é nada mais do que o medo do desamparo, medo de ser preterido e abandonado. Percebeu que nada daquilo realmente importava: só ele sentia a angústia permanente e torturante que se passava em algum canto dentro de si, e ninguém se importaria em ouvir, nem ele talvez achasse vontade em

Não vim ao mundo p'ra ser pedra

A singela semana de folga já vai longe na memória. Agora é botar a mão na massa outra vez, e trabalhar até a exaustão, ficar estrábica de tanto ler e anoréxica pelo stress que consome mais calorias do que uma maratona. Esta semana serei obrigada à infelicidade de passar dois dias inteiros, do alvorecer à madrugada, na USP: quinta terei que resolver alguns assuntos de ordem burocrática e na sexta participarei de um grupo de debates sobre Greimas e assistirei à aula da pós de Semiótica poética, que venho aconpanhando desde o início do semestre. * As provas já começaram a ser marcadas, os trabalhos a ser entregues e o seminário já desponta no horizonte. Este semestre será muito agitadao para minha humilde pessoa; não sei o que me fez pensar que eu seria capaz de fazer duas habilitações, aula da pós, dois cursos de alemão, iniciação científica e manter minha sanidade mental. * Sem ilusões: não obstante as aulas de alemão na graduação e os dois cursos paralelos meu progresso está muito

Para quem faz anos em 4 de Abril

"Não és bom, nem és mau: és triste e humano... Vives ansiando, em maldições e preces, Como se a arder no coração tivesses O tumulto e o clamor de um largo oceano. Pobre, no bem como no mal padeces; E rolando num vórtice insano, Oscilas entre a crença e o desengano, Entre esperanças e desinteresses. Capaz de horrores e de ações sublimes, Não ficas com as virtudes satisfeito, Não te arrependes, infeliz, dos crimes: E no perpétuo ideal que te devora, Residem juntamente no teu peito Um demônio que ruge e um deus que chora." [Olavo Bilac] Feliz Aniversário, Tia Andressa!

Horas sem rumo

As horas já não progridem como deveriam progredir: elas passeiam, faceiras, sobre meu tempo, inconscientes, saltitantes, alteradas. Elas, as horas, vivem então uma vida própria, esquecem de que é preciso um eixo temporal para se enxergar a semântica das coisas, e me jogam por aí, sem saber ao certo para qual lado estou andando, sem saber mesmo se ando. Quando durmo ouço as palavras quentes que eu digo ao meu próprio ouvido, por dentro, como se não fosse eu quem as dissesse. Os valores são relacionais, mais as minhas palavras ditas com tanta fé ao meu próprio coração aflito não têm parâmetros: descubro, logo na primeira fase do sono, que minhas palavras se apóiam no vento e sou eu quem faz de mim uma pessoa enganada. As horas perdem-se e morrem no momento seguinte. Minhas horas passam sem que eu as veja. Quisera que caminhassem calmas como os elfos de cabelos claros. Minhas horas correm desvairadas, chocam-se com os muros de meu abrigo e caem tontas e desiludidas, sem mágoas porém com