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Memórias de mim

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"Meu segredo - a explicação de mim - jazia lá. Levei-me por demais a sério, é claro. O que isso importa para alguém como eu, então ou agora? Mas todo homem é importante para si mesmo em um ou outro momento; meu problema tinha sido o de reduzir a importância, a espalhá-la numa camada tão delgada quanto pude por mais de meio século. Graças à minha política de sepultamento, eu tinha entrado em acordo com a vida, tinha feito um trabalhoso - trabalhoso era a palavra - arranjo com ela, sob a única condição de que não deveria haver exumação alguma. Era verdade o que eu às vezes dissera a mim mesmo, que minhas melhores energias tinham sido empregadas no ofício de agente funerário? Se era, o que isso importava? Teria eu me saído melhor, com o conhecimento que tinha agora? Duvido; conhecimento pode significar poder, mas não elasticidade, desembaraço ou adaptabilidade à vida, menos ainda o é a instintiva condescendência pela natureza humana;aquelas eram qualidades que em 1900 eu possuía em

Entre o Desespero e a Solidão

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Às vezes me dói o fato de não te ter e de saber que sua distância não pode preencher os vãos da minha existência. Aperta-me o ser quando olho para o vazio e não consigo enxergar a imensidão do seu olhar maduro, a suavidade de sua pele ou a fluidez de seus movimentos. Todos os dias me encontro só, só à hora das estrelas e aos cânticos de Morfeu, e de você tenho apenas a sensação do peso sobre os quadris e da pressão das mãos imaginárias... Quanto ao tempo que não tenho, quanto às horas que não vivo, quanto às paredes pesadas de meu quarto... tudo prescinde à luz azul que trouxeste ao meu olhar castanho, mas a dor de meus olhos baços torna-se a cada dia mais insuperável, tão insuportável quanto a subida de minha escada vazia.

Contantos

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Contanto que vez ou outra você me olhe com ternura ou que afague sem motivos minha face assustada e cansada; contanto que você finja não enxergar meus grandes erros e não notar meus momentos de vergonha; contato que você você aceite a timidez dos meus olhares e a violência de minhas carícias; contanto que seu desprezo seja mentira e que seus outros amores sejam passado... Contanto que você saiba que meu jeito acanhado é meu modo natural de ser, que meu corpo guarda tantas imperfeições e minha mente tantos vícios, que a arrogância é medo, que a timidez é desconforto e que a demência é constante... Contanto que você não se afaste a primeira vez que eu lhe arranhar a face, e que perdoe toda vez que eu lhe expulsar do quarto, e que ouça quando eu estiver eufórica e que cale quando eu estiver calada e alheia... Contanto que você viva segundo as regras do meu mundo, talvez a gente chegue a um acordo, e viva em paz. Quem sabe um dia a gente possa até amar...