Warum warum ist Banane krumm?

Muitas roupas abaixo da superfície pode-se encontrar um ser ainda gelado. E o ser anseia por respostas que devem ter se congelado no vento frio da noite paulistana, pois algumas fogem de chegar, enquanto outras, por não existirem mesmo, ficam só na imaginação, nos castelos construídos aleatoriamente na base fluida do ar. * Se Dani estivesse por perto para me ouvir falar, diria: “não fique assim Lulu; quando eu tinha sua idade eu também era assim”, como se ela fosse uma mulher madura de uns 40 anos e eu uma garota de 14. Mas de qualquer forma Dani tem um jeito materno-psicológico que sempre me faz acreditar no que ela diz, e que me deixa mais tranqüila, pensando que daqui a uns 20 anos eu serei uma mulher equilibrada, resolvida e segura (além de velha, é claro), e não uma solteirona de trinta anos e com compulsão por sapatos, como uma personagem de Sexy and the City. Por enquanto minha compulsão é uma língua que eu não consigo falar e que divide o verbo em duas partes (o título em alemão é só para fingir um progresso, que fica evidentemente desmentido pelo caráter “muito filosófico” da questão – “Por que por que a banana é torta?” [a piada só tem graciosidade em Deutsch, porque a repetição de fonemas recorrentes ressalta a função poética jakobsoniana e blá, blá, blá]). Mas pior que fonemas recorrentes numa língua que “man versteht nicht”, são idéias mais que recorrentes em seu vernáculo, do qual se é capaz de ouvir até as preposições sussurradas atonamente. São idéias fixas, mais absurdas que um Emplastro Brás Cubas, e sem nenhum valor no mundo natural, projetadas, sem saber, diretamente num plano semiótico; um plano que embora creia estar bem arraigado em concretudes, não passa de uma vivência totalmente alheia e impossível de ser externada. E é assim que descobre-se o tino romântico e fatalista, como de alguém (um Manuel Bandeira qualquer) que passa 82 anos acreditando que o próximo segundo será o instante fatal, e se esquece que são as ilusões e os medos que tornam a existência pesada, difícil de ser vivida. Então leia-se um trecho de “José” (Drummond) e finja-se que fui eu quem escreveu: "E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?" E as ilusões permanecem, mantidas por pequenas graciosidades ou temores surgidos ao acaso.

Comentários

Thalita disse…
Idéias-fixas-impossíveis-de-serem-externadas são o que fazem as pessoas graciosas e ricas em profundidade!
Vc trata de termos semióticos com uma naturalidade, vou precisar de aulas suas, Lu! Minha florzinha! ^.^

'José' me cusa uma angústia gigantesca. *_*

Um beijo, outro, outro e outro.

(quero te contar um monte de coisas, se não te encontrar pela faculdade em breve, te escrevo!)
Sinayoma disse…
Engraçado. Eu estava pensando outro dia em como há uma menbrana fina que intermeia as relações...eu tão perto numa sala...tão perto num blogue e ao mesmo tempo há uma membrana! =)

Como disse à Thalita, queria flutuar para isotopar a minha matéria orgânica!

Tenho ânsia de Deutsch, de internalizar...

O bom é que lendo seu blogue aprendo palavras novas!

Ah, eu "declamava" José na aula de teatro, com 11 anos. Sem querer me gabar, mas esse texto, naquela idade, penetrava de uma forma tão intensa que todos ficaram emocionados. Talvez a minha pureza permitisse tal absorção!

Hoje, querendo ou não, eu tenho aquele olhar pessimista e fatalista dos grandes poetas. Mas isso não quer dizer que eu possa ser um deles!

Eu amo Drummond!
D ... disse…
até hj tenho vontade de chorar quando leio "José" ou ouço o Drummond naquele cd recitando "a morte do leiteiro".

eu ten ho uma invejinha saudavel de vc, que consegue ficar estudando a língual e tal, já que com essa minha força de vontade tudo que eu posso fazer é esperar que o meu cérebro insuficiente absorva o Francês. (que posso fazer? veja se tenho cara de quem tem paciência pra estudar a acentuação do verb os em Francês e ficar conjugando os irregulares)

ah... encontrei uma coisa que me fez imensamente feliz (por alguns segundos) e acho que tb v ai te agradar:
http://avestruzsemplumas.blogspot.com/

é o blg do meu ex-professor de linguística (não o puro, o sádico).
o título é uma referência ao "cão sem plumas" do Cabral. (eu sei que vc sabe, mas me deu uma von tade de dizer isto...)
D ... disse…
ah ... tia, melhor não deixar link pro seu blog, lá. ou eu não apreço mais aqui.tenh o medo dele...
Thalita disse…
Minha florzinha de maracujá! Vamos nos ver na greve?

^.^

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