Sobre o fim de um período mental

A Cidade Universitária é realmente bela para quem sabe apreciá-la sob o ângulo correto. Quem entra pelo Portão 1 atravessa uma alameda na qual o céu é visto aos pedaços, devido ao "teto de árvores". Quem convive com ela por um certo tempo acaba percebendo que nela até o clima é diferenciado (mais ameno, fresco e prazeroso) e que a amplitude da visão e do espaço causa rebuliços físicos e mentais, principalmente no início (embora seja, de uma maneira geral, uma sensação que não se apaga).
Quando você dirige por suas avenidas, que na verdade são ruas muito largas com canteiros centrais com árvores enormes, sente a liberdade contida no "à parte", pois afinal é disso que se trata, do à parte espacial e do à parte mental, que a tornam a "terra da fantasia", como costumava dizer um professor de Língua Latina cujo nome não me lembro mais.
É como se você estivesse em uma saga tolkieniana, a caminho de Lothlórien, onde Galadriel leria sua mente e faria seus pensamentos transcenderem sua consciência, e ganharem consistência na realidade. Uma idéia solta na realidade.
É o que de mais nobre se aprende por aquelas terras: o valor da liberdade de um pensamento, e que a liberdade parece muito pequena quando se descobre uma liberdade maior, mais bruta e impiedosa, que não aceita ser tolhida e hostilizada.
Enquanto eu estive por lá, por um tempo achei o meu lugar, e por outro o perdi, mas a memória é estranha e santifica o que já se foi.
Só sei que é difícil dizer adeus em meio a tantas incertezas:
"Não há ninguém que saiba agora
Se em sombra ou luz está;
Perdeu-se Nimrodel outrora,
Nos montes vagará"
(TOLKIEN, J. R. R. In: O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel)

PS: Sabem como é ter que ficar procurando o carro em um estacionamento lotado? A solução: estacionem assim, que nem meu vermelhinho...

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