Samstag, April 02, 2011

Para os que não entendem...

Não acredito ser errada a solidão, mas acostumei-me com a ideia do ser incompreendido. Não que não seja incômodo quando todos facilmente notam que você não faz parte do todo, de nenhum todo. Não que as classificações não sejam doloridas, mas é um preço a se pagar para quem escolheu viver em sua própria ilha.

Mas nada me dói tanto como as vezes em que ouço você dizer que sou bruta. Bruta. Logo você, que deveria enxergar o cerne.

Bruto: malformado, mal-acabado, violento, imoderado, arbitrário, ríspido, cruel, bárbaro, insensível, desagradável e repugnante.

Talvez você não saiba, mas palavras não voltam atrás. Por vários momentos acreditei que você enxergasse a dor, a confusão, a fragidade. Mas para você não há nada ali, a não ser, é claro, a brutalidade.
"Variações sérias em forma de soneto"
Vejo mares tranquilos, que repousam,
Atrás dos olhos das meninas sérias.
Alto e longe elas olham, mas não ousam
Olhar a quem as olha, e ficam sérias.
Nos recantos dos lábios se lhes pousam
Uns anjos invisíveis. Mas tão sérias
São, alto e longe, que nem eles ousam
Dar um sorriso àquelas bocas sérias.
Em que pensais, meninas, se repousam
Os meus olhos nos vossos? Eles ousam
Entrar paragens tristes de tão sérias!
Mas poderei dizer-vos que eles ousam?
Ou vão, por injunções muito mais sérias,
Lustrar pecados que jamais repousam?
(BANDEIRA, Manuel )

Keine Kommentare: