Quando os olhos cantam e o pensar descreve
“Eu confio que a leitura da poesia pode nos conduzir a verdades tão altas quanto a ciência” Foi o que ele disse, do alto de seus olhos sóbrios e de seu sorriso cúmplice e contido, agora mais freqüente do que lhe é normal. E disse com sua sinceridade crua e exposta, como se fosse um ardor dolorido que o impelisse a tal, embora de um jeito tão lúcido que me transtornou a retidão do pensamento – ele, que diz nunca ter sido tocado pela epifania da verdade, crê no poético como o transpor da brevidade ilusória, e isso ma traz rebuliços de alma. Com sua postura séria, própria de um grande homem transtornado pelo mundo bruto, demonstra sua simpatia por mim de um modo secreto, confidencial: com um leve pender de cabeça, a mão na cintura e um olhar que guarda em si o sorriso ao mesmo tempo acanhado e desbravador das mentes constantemente aflitas. Não sei até que ponto isso é verdade, mas é assim que imagino. Eu o entendo dentro do que ele é em minha concepção, e por isso lhe respondo os gesto...