Entretanto

De repente a gente se acostuma com o vento frio que sopra de alguma direção desconhecida. Se acostuma também com as feridas nas mãos, que nunca se curam, e com os olhos baixos, um pouco amargos, que não permitem divisar horizonte algum.Talvez a gente supere a questão da assimetria, do lado direito ser mais rústico que o esquerdo. Pode ser que num dia vazio a gente consiga caminhar pelas ruas, com uma música antiga na cabeça, com passos largos e lentos nos pés e a indiferença pelo mundo disfarçada atrás dos óculos escuros. Quem sabe a gente pára de esperar ligações, companhia ou compaixão, supere as fobias crescentes e vença os medos infantis. Na verdade, um dia a gente cria coragem para pôr a cara no mundo, mas isso do nosso jeito, contido, sem expansões ou excessos, que afinal não gostamos nem dos excessos nem da noite. Faremos tudo isso na segurança das manhãs claras, nos despedindo com um sorriso largo e uma mala nas costas. Caminharemos até o fim da rua e dobraremos a esquina, rumo a um lugar em que não haja ninguém para perguntar, onde não exista quem censure nossa timidez ou exija os motivos que não temos.

Comentários

Thalita disse…
A gente consegue sim, sem os excessos e sem as censuras.
Ah, minha bonequinha de nome francês, eu gosto de você um monte!
;)
Thalita disse…
(ah, me diz as matérias em que se inscreveu!
deu pra pegar literatura III com o Pasta? Em qual horário? E aquela optativa do Marcos? Vai tentar de manhã?)

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