Idiossincrasia

Semana passada tive que passar 5h na companhia de D. Logo após a primeira meia hora (quando ele descobriu que eu faço Letras) começou a me assombrar com perguntas do tipo “Qual é o certo: tv a cores ou tv em cores?”, para dizer que eu estava errada mal eu acabava de responder. Porém quando entramos na segunda hora a coisa toda se tornou muito mais profunda: ele me explicou por quê é errado chamar um “clarividente” simplesmente de “vidente” e tentou me provar, por A mais B, que “você” não existe como palavra (“afinal – dizia ele – ninguém aprende Eu, Tu, Ele, Você na escola... e se não é um pronome, não é uma palavra, e se não é uma palavra todo mundo fala uma palavra que não existe!”). Eu tentei por um bom tempo explicar para ele que não se deve confiar o que é uma língua ao que a gramática diz dela, que a língua é viva, a norma culta conservadora e todo aquele discurso político-lingüisticamente correto que se aprende no primeiro ano de Letras na USP. Cheguei ao ponto de dizer “pelo amor de deus, não diga que “você” não existe!” (pois eu posso não acreditar em deus, mas no “você” eu acredito!) Por fim ele acabou concordando comigo sobre a existência do você, mas sem querer eu fiz com que ele acreditasse que o que não existe é Tu e Vós.

Comentários

Thalita disse…
ah, você devia ter explicado melhor o porquê do 'clarividente', poxa, eu não entendi. =/

Mas não mate o 'tu'! Eu tenho simpatia por ele! Ainda vou passar um tempo em Portugal e voltar falando 'Tu vaix?' e semelhantes...

=P

beijo, beijo.

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