Ao fim, ao cabo: os saldos

Dois semestres se passaram e eu mal percebi; tudo foi muito rápido. Ainda me lembro com clareza, como se tivesse sido hoje de manhã, do dia em que pus os pés pela primeira vez na "Cidade Universitária": estava tão extasiada de felicidade que nem me importei com o aspecto decadente do prédio de Letras ("parece COHAB", disse meu pai). Achei tudo lindo: as árvores, o matagal descontrolado, o "super esquadrão de insetos gigantes", os seguranças que não sabiam dar informações... Meu receio de que minha aprovação fosse na verdade um equívoco do sistemas só passou quando, depois de muito tempo procurando o prédio de História, uma mulher de óculos mandou eu assinar um papel e me deu uma carteirinha provisória, escrito USP e com meu nome e minha foto. Então comecei a me preparar para as futuras desventuras estomacais e cefaléias (sou muito histérica). E tudo foi assim: IEC I: Fiz com a ilustríssima M. L., muito simpática e divertida, porém um tanto amnésica. Foi a matéria mais infeliz do primeiro semestre - embora eu tenha me esforçado para manter os olhos sempre abertos, ao que Rita está de prova, não resisti as enfadonhas leituras dos textos de Horácio e Aristóteles e dei algumas viajadas. Sem contar o fato terrível de ela não ter corrigido a segunda prova (e, acredito, nem a primeira). Pelo menos ela não ousou me dar notas ruins. IEC II: Já teci alguns elogios a capacidade mental do Martinho. As aulas deles são assustadoramente enciclopédicas e interessantes. As piadas à la Aristóteles que ninguém entendia (ou muito sem graças) e as palavras tiradas do âmago do dicionário eram as melhores partes. Comecei a admirá-lo mais agora, depois que vi que ele me deu a nota mais alta do meu boletim. IELP I: O Sílvio é uma das criaturas mais graciosas que já conheci. Andressa diz que ele tem jeito de desiludido (ele anda com as mãos para trás e com a cabeça um pouco baixa), mas acho só que ele é meio tímido (e muitíssimo puro). Adorei as aulas dele, que conseguiu transformar ielp em algo útil, embora muito difícil (filologia é algo assustador). Pena que eu não falava com quase ninguém na sala dele, então ficava rindo sozinha quando ele começava a falar em Latim ou soltava alguma coisa engraçada sem querer e ficava um pouco envergonhado. Realmente muito puro. IELP II: Não gostei da matéria e nem da bíblia azul que usamos para estudá-la, mas as aulas foram engraçadas. G. é um professor muito bizarro, lembrando que: BIZARRO: 1. Nobre, generoso. 2. Bem-apessoado; garboso. 3. Extravagante, esquisito. (Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa) Agora (graças a ele) eu sei que a Cicarelli é uma pessoa freak que tem um cão tarado enorme e que a CArla Perez é uma pessoa incompreendida por sua geração... IEL I e II: O Zular é um professor excelente, que teve que me aturar muitas vezes nos plantões dele, e todas elas foi muito gracioso e prestativo. Suas aulas são muito complexas: ele fala sobre tudo, critica uma boa parte desse tudo, e adora tensões e problematizações. Tudo em IEL foi muito referencialista (Z. não é nada Saussureano). Gostei, principalmente, das notas que ele me deu. SEMIÓTICA: T. é um bom professor, muito claro no que diz, mas estou de mal. A nota que eu recebi não condiz com o tanto que eu aprendi. Paciência e sem mais comentários. Por fim (a melhor parte): EL I e II: Lingüística foi a melhor matária do ano. GRaças a ela vejo tudo de outra forma: as coisas mudam quando se aprende que tudo é discurso e intenção. Marcos dispensa comentários: é imensamente gracioso, muito gentil, com um senso de humor sagaz contemplado por seu sorriso fácil e seus gestos efusivos. Graças a ele agora eu tenho um orientador de I. C., e em semiótica! (o professor Ivã, que é irmão dele e que, a propósito, também é muito gentil e gracioso). * É preciso falar ainda que este ano conheci pessoas maravilhosas, como a Dani, a Rita, a Paula, a Lúcia, entre outras. Para minha imensa felicidade também tive (e ainda tenho) a tia Andressa comigo (que impediu que eu me jogasse do morrinho do Aprígio, do morrinho da FFLCH, e sabe-se lá de quantos outros ainda), mas ela já é velha de guerra, nem precisa comentar... * Em particular para o gracioso Glauber (com quem, infelizmente, só comecei a conversar no finalzinho do semestre): acho que seu blogue está com problema, pois não consigo mais comentar, e olha que tentei um monte de vezes! * No final das contas muitos saldos. Agora é esperar e ver se o Alemão também me trará seus louros... (esta ambiguidade não foi proposital)

Comentários

D ... disse…
é ,tia, nosso 2006 até que foi legal, descartando as malditas optativas que nos metemos a fazer.

passar no vestibular foi das coisas mais... ilusórias de minha vida. mas o que valeu mesmo foi conhecer Xoán, o melhor e mais puro professor que já tive. aiai

*

quem diria, Andressa e Luise, as criaturas que viviam com o sorvete colado na testa no ensino médio, concluiram o primeiro ano da faculdade, e até tiraram boas notas!

*
Aquele professor de psicologia do técnico diria que ambigüidade foi um ato falho. lembra que tudo pra ele era ato falho?

*

acho que ainda corremos o risco de saltar do morrinho da FFLCH. pois agora teremos 7 matérias. imagine que só aquelas 5 já nos levaram à beira do morrinho...
mas a gente consegue, pq a gente sempre consegue =D
Anônimo disse…
Acho que devo ver o que acontece no meu blogerum... Deve ter pifado! E sobre as matérias, Sílvio foi inesquecível... mas quem marca a Lingüística para sempre em mim foi o modesto professor de EL I. Ele me fez ver que a Lingüística é algo incompreensível e extremamente complicado. O I.L. em EL II conseguiu reverter um pouco dos danos... mas saber que essa área não é para a minha ilustre pessoa, foi um dano irreversível. Uma pena, pois até acho Lingüística algo interessante.

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