Mundos Possíveis II

Estávamos, L. – meu irmão – e eu, sentados dentro de uma casa de árvore quando recebi uma mensagem, não sei de onde nem de quem. Dentro de um envelope pequeno e rosado havia uma moeda de prata com os seguintes dizeres cunhados: “não deixe que o amanhã chegue”. Apavorada, pensando na desgraça que aconteceria caso uma nova aurora tomasse os céus, desci apressada do alto da árvore puxando com histeria meu jovem irmão, que carregava numa das mãos uma sacolinha de supermercado. Demos com um amplo saguão a céu aberto, nos fundos do que parecia ser um castelo – um castelo sombrio, velho e abandonado. Passamos por um dos arcos e entramos num grande salão mal iluminado. Eu, sempre insistindo para que L. andasse mais rápido e não fizesse barulho, corria sem parar, segurando-o firme pela mão livre, como se temesse que ele ficasse para trás e eu não pudesse voltar. * Enfim chegamos, não sei como, a um grande banheiro de piso branco e com várias repartições. Das pias jorrava uma quantidade enorme de água. A escuridão gerava uma sensação terrível, como se um mal inimaginável espreitasse a cada passo e olhos invisíveis repousassem continuamente sobre nós. O barulho que a sacola de L. produzia quase me enlouquecia e por isso apertava-lhe a mão com força desmedida e em tom de fúria insistia para que ele fizesse silêncio e acompanhasse meus passos. Nesse momento cruzávamos o limiar do banheiro e, enxergando uma escadaria a alguns passos, corri para ela. Chegando perto da escada, entretanto, pude perceber um vulto negro encolhido sobre uma cadeira simples de madeira. Automaticamente, ele se ergueu, revelando seu corpo esguio: sua pele parecia quase que presa diretamente aos ossos. Seus braços, erguidos, eram muito compridos e seu grunhido fez com que meu coração batesse dolorosamente, tão rápida era sua pulsação. Assim que ele se ergueu, atirei-me, com L. pela mão, para as escadas, porém a escuridão só me permitia enxergar alguns degraus... * Foi então que despertei, às 4h32 da manhã, e o sono me abandonou. Fiquei acordada ainda por um longo tempo, ouvindo os ruídos que L., no quarto ao lado, produz em seu sono agitado, assim com as meias palavras que ele sempre pronuncia ao longo da noite.

Comentários

Anônimo disse…
você só seria louca se sua criatura fosse eu...e eu disso gostaria.
Mas acho então que é alguém meio "famoso" ou "público"...e com uma pessoa dessas eu não posso competir, que é uma pena.
venho pedir que me faça feliz então pelo menos continuando a escrever!
Anônimo disse…
Acho que você sonhou com Você-sabe-quem...
Sinayoma disse…
Nossa! Eu sempre tenho sonhos maluco assim!
E meu irmão é meio sonâmbulo...

Se eu contasse os meus sonhos...cada babozeira! =P
D ... disse…
hehe! eu achei muito interessante, teu sonho. me lembra aquela época no aprígio que, devido a sua adoração ao senhor dos anéis, enchemos nossas cabeças de gárgulas e criaturas estranhas. era tão bom, esse tempo :)

ontém meu irmão tb conseguiu me acordar. ele esmurrava a parede e dizia "para andressa, que saco!", dormindo XD
Thalita disse…
Que sonho bonito, Luise! Me lembrou 'Alice no País das Maravilhas', por alguma razão, ou talvez 'Coraline' que é a "versão" mais dark do Neil Gaiman!

Ah, eu só sonho com fragmentos...¬¬

O Marcos L. me dizia que anotar nossos sonhos eram a coisa mais saudável que podemos fazer pela nossa vida psíquica. Uma pena que eu acorde tão preguiçosa e desmemoriada pela manhã...^.^

Minha anjinha,
Então vamos fazer algo essa semana próxima!
^.^

Um beijo.

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